Entrevista - clickCompliance
Your address will show here +12 34 56 78

O tombo/rombo das Americanas escandalizou o mercado brasileiro, diante da descoberta de inconsistências contábeis vultosas em seus balanços financeiros, as quais causaram a renúncia do novo CEO e do CFO da empresa em poucos dias de sua gestão, o que abalou seriamente a imagem dos seus gestores no mundo dos negócios.

Tais inconsistências encontradas em operações de risco sacado, mascaravam dívidas bancárias da empresa e mantinham o seu faturamento alto, informações estas que foram aprovadas em suas auditorias e favoreciam o ganho de consideráveis dividendos pelos seus controladores, que eram Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, que formam o grupo de investidores 3G.

Ocorre que estas pessoas, pouco antes da posse do novo CEO, também teriam vendido suas ações da empresa e provocado uma alta dos papéis das Americanas na bolsa, fato que despertou atenção na crise atual, como se os ex-controladores quisessem proteger o seu patrimônio, cientes do estouro do escândalo financeiro que viria à tona.

Tal atitude despertou a atenção do MPF-SP¹, que abriu investigação criminal sobre eventual prática de crime de INSIDER TRADING na venda daquelas ações, que consiste na negociação de valores mobiliários com lucros decorrentes de informações privilegiadas, de acordo com o artigo 27-D da Lei 6385/76:

Art. 27-D. Utilizar informação relevante de que tenha conhecimento, ainda não divulgada ao mercado, que seja capaz de propiciar, para si ou para outrem, vantagem indevida, mediante negociação, em nome próprio ou de terceiros, de valores mobiliários Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa de até 3 (três) vezes o montante da vantagem ilícita obtida em decorrência do crime.


Nesta situação, percebe-se a existência de uma governança que somente governava para si, uma vez que estava ciente da movimentação financeira da empresa e tolerava operações contábeis de alto risco, apenas para garantir seus dividendos em ações, bem como agora é investigada pela suposta prática de delito de insider trading, ao tentar se esquivar de sua responsabilidade na gestão do negócio.

Isso prova que muitos gestores não veem riscos criminais em suas atitudes, enxergando apenas oportunidades de negócio ou de minimizar perdas em operações, sem medir as suas consequências, causando-lhes graves problemas criminais futuros.

Um programa de Compliance eficiente, com controles internos adequados, ferramentas tecnológicas de gestão, e aconselhamento preventivo de risco criminal, pode ajudar a mitigar tragédias como essas no segmento do varejo e de outros do mercado.


Cláudia da Costa Bonard de Carvalho
Advogada criminal especializada em cybercrime corporativo e Compliance Criminal Digital, proprietária do escritório ADVOCACIA BONARD DE CARVALHO e fundadora-instrutora da CRIMINAL COMPLIANCE BUSINESS SCHOOL, claudia.carvalho@advbonarddecarvalho.com

¹https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2023/01/13/americanas-mpf-analisa-pedido-para-apurar-se-houve-crime-na-venda-de-acoes.htm

 

0

Entrevista, Entrevista, Entrevista, Entrevista, Entrevista

De 70 contatadas e 21 inscritas, o clickCompliance foi uma das 8 startups escolhidas para participar de um evento promovido pelo Vetor AG, aceleradora da construtora Andrade Gutierrez. O tema dessa rodada foi tecnologia e inovação em Compliance, e o Pitch Day teve a presença de várias parceiras e empresas convidadas para conhecerem as soluções.

As startups tiveram a oportunidade de conhecer outros players do mercado, e ainda fazer contato com possíveis clientes. Também receberam uma avaliação ao final para ajudar a entender sua percepção frente ao mercado.

Entrevistamos Eduardo Staino, Diretor de Compliance e Auditoria Interna da Andrade Gutierrez, sobre os desafios pré e pós Lava-Jato, e as dicas que ele tem para dar após 8 anos na empresa.

1 – Como tem sido trabalhar com o Compliance na Andrade Gutierrez depois de tudo que aconteceu no Brasil desde 2014?

Na verdade, a nossa jornada de Compliance começa antes da Lava-Jato, ainda no final de 2013 com a criação do novo Código de Ética. Investimos muito em treinamento, comunicação e auditoria interna e tem sido muito prazeroso contribuirmos para essa virada de página.

A Andrade Gutierrez é uma empresa que viveu tempos difíceis, e o mercado já reconhece que a ela viveu um período complexo, mas que hoje vive uma nova jornada. Sou muito feliz na minha cadeira aqui.

2 – Qual foi o maior obstáculo a ser superado em relação ao Compliance na Andrade Gutierrez?

A dificuldade principal que a Andrade Gutierrez viveu é que, paralelamente à Lava-Jato, o Brasil também viveu uma crise econômica e política. O país estar com o governo e a economia em crise foi uma tempestade perfeita. Resgatar a reputação da empresa nesse cenário foi muito desafiador.

3 – Que dica você dá para outros Compliance Officers menos experientes?

Eu acho que o conselho mais importante para uma implementação de programa de Compliance efetivo é o Compliance Officer conhecer bem não só o negócio, mas as pessoas na organização para que ele, assim, encontre o melhor caminho na implementação de atividades. A receita da Andrade Gutierrez não é a receita ideal para todas as empresas. A receita ideal é entender a realidade de cada empresa.

4 – O que foi o Pitch Day do Vetor AG?

O nosso objetivo era juntar 2 pilares da Andrade Gutierrez, que são Compliance e inovação, e conhecer o que estava acontecendo em termos de Compliance, principalmente em projetos de startups. Ao mesmo tempo, queríamos apresentar essas startups para o ecossistema de Compliance do Brasil. Por isso chamamos outras pessoas que admiramos para avaliar essas startups.

Um objetivo secundário é demonstrar à sociedade como a Andrade Gutierrez está empenhada no tema (Compliance). Por isso está recebendo as turmas, promovendo, gastando tempo e espaço, etc.

5 – O que você achou do resultado?

Fiquei supercontente com o resultado, primeiro porque as startups tiveram apresentações muito boas e acertadas dento do tempo que tinham. Além disso, é um evento gratuito, então às vezes as pessoas falam que vão, mas não vão. No entanto tivemos um resultado bom, inclusive tiveram alguns convidados que trouxeram mais pessoas com eles.

Outra coisa legal é que algumas startups já estão sendo contatadas por empresas que estavam lá. Não temos nenhum objetivo comercial com o evento, mas isso mostra que o nosso objetivo (apresentar essas startups para o ecossistema de Compliance) está sendo cumprido.

6 – Por que a inovação e tecnologia são importantes para o Compliance?

Nós enxergamos que a tecnologia pode ajudar nos desafios de Compliance principalmente em função de extensão geográfica e volume de stakeholders. A inovação pode trazer sistemas, plataformas, e Inteligências Artificiais para cumprirmos melhor nossos objetivos.

Por exemplo, em uma empresa com 20 mil empregados como a nossa, é impensável imaginar que vai conseguir atingir nossos objetivos sem o auxílio de tecnologia. Ajuda a área de Compliance no cumprimento de nossos objetivos e no atendimento à legislação.


Eduardo Staino é Diretor de Compliance e Auditoria Interna da Andrade Gutierrez e Professor no curso de Pós-Graduação em Compliance e no curso de extensão em Compliance FGV IBS BH.
0

Leia abaixo uma entrevista que fizemos com o Presidente do Conselho de Governança e Compliance da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) Humberto Mota Filho sobre o Compliance no Brasil e seu novo livro, Compliance: O estado da arte. Veja o que ele comentou e veja suas dicas para profissionais de Compliance.

O que é Compliance, nas suas palavras?

Em primeiro lugar, o Compliance significa trazer mais integridade e ética para as relações dentro e fora das empresas. Nesse sentido, também, ajuda a trazer uma imagem positiva e de melhoria do ambiente de negócios.

O que você sugere para empresas que querem implementar da melhor forma o Compliance em sua empresa?

Primeiro, não copiar programas existentes de outras empresas, as políticas de integridade, políticas anticorrupção, etc. Fazendo isso, você está perdendo a oportunidade de mapear os riscos financeiros, operacionais e outros da sua própria empresa. O Compliance só se concretiza se você puder, ao final do processo de instalação, mapear os seus riscos e criar uma estrutura que te previne de riscos de forma sustentável ao longo do tempo.

Não precisa ser um processo caro nem complexo. Precisa se adequar a cada realidade e o tamanho de cada organização.

Qual foi a evolução do Compliance no Brasil?

Percebi em pelo menos 10 anos uma intensa evolução no sentido de as pessoas tomarem consciência da importância do Compliance na relação de negócios e mais ferramentas disponíveis para prevenir e monitorar riscos. Não só em relação ao Compliance, mas na gestão de governança e reputação, principalmente na grandes empresas e capitais.

Ainda assim existem desafios. Pequenas e médias empresas precisam se convencer de que essa realidade chegou para elas também. Tem a LGPD, que chegou agora e é uma realidade para todas. Também estão expostas a riscos com relação a agentes públicos, imagem, etc.

Além, disso, no interior e em cidades menores, empresas precisam tomar consciência dessa realidade porque vão participar de relações com grandes empresas e órgãos. Elas precisam estar aparelhadas para seguir esse novo modelo de negócio.

Como você vê o Compliance no Brasil nos próximos 5 anos?

Vejo dois grandes cenários possíveis sobre as tendências mais amplas do Compliance. Uma é a consolidação do mercado profissional com o amadurecimento de consultorias e profissionais especializados. Também prevejo um amadurecimento das ferramentas disponíveis, novas publicações, novos tipos de treinamentos, mais disciplinas em universidades, e um amadurecimento do ensino jurídico. Eu acredito mais nesse cenário de amadurecimento e consolidação.

Acredito menos, acho mais improvável, que as pessoas encarem o momento como apenas uma moda sem incorporar e vivenciar a cultura. Teremos perdido uma oportunidade de dar um salto ético no nosso meio empresarial e de negócios. Isso pode ter um impacto positivo ou negativo na produtividade das empresas e na economia. Temos que escolher o caminho melhor.

Por que você decidiu organizar o livro Compliance: O estado da arte?

Há tempos, com vários colegas e amigos, tenho discutido o Compliance nos negócios. Já editamos revistas no Instituto Compliance Rio e no ACRJ, sempre com retorno positivo. Veio então a ideia de consolidar o “estado da arte”, ou seja, as últimas tendências e experiências no Compliance, um resumo de regulações, do marco legal, etc., num único documento.

Era um desafio, mas procuramos nos cercar com os maiores membros da academia, membros de órgãos governamentais, etc. e colocar no papel.
É importante ressaltar que é uma obra coletiva e tem contribuições de muitos excelentes especialistas. É um livro plural, que reúne várias experiências de profissionais com visões diferentes. Espero que consiga refletir as últimas tendências e o estado da arte do Compliance.

O que o leitor ganha ao ler esse livro?

O leitor que vai ter contato pela primeira vez com o Compliance vai poder ver vários debates e a evolução dos temas do Compliance ao longo da última década. O livro vai permitir abrir um campo de conhecimento em várias frentes. Quem já conhece a realidade Compliance e do mercado vai se aprofundar nos temas e ver quais são ou não as próximas tendências.


Humberto Mota Filho é Presidente do Conselho de Governança e Compliance da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), membro da Comissão Especial de Anticorrupção, Compliance e Controle Social dos Gastos Públicos da OAB/RJ, Presidente do Conselho Editorial do Instituto Compliance Rio (IC Rio) e Doutor em Ciência Política e Mestre em Direito Empresarial.
0

Entrevistamos a fundadora do grupo Potencial Compliance, que reúne profissionais de GRC para debater e compartilhar conteúdo da área. Continue lendo para saber o que é o Compliance para ela, como surgiu o grupo e como participar.


O que é Compliance nas suas palavras?

Nos termos gerais, Compliance é um conjunto de disciplinas a fim de cumprir e se fazer cumprir as normas legais e regulamentos. Porém, ao meu ver, Compliance vai muito além de regras e procedimentos. Posso dizer que é um estilo de vida das empresas.

Como é a comunidade do Compliance no Brasil hoje? Você acha que mudou nos últimos tempos?

A comunidade do Compliance tem crescido muito por alguns motivos:

  • É uma área de demanda crescente 
  • É uma área que remunera bem
  • É uma área que traz dinamismo ao negócio

Por isso, muitos advogados migraram para esta área em busca de novos desafios. Porém, dentro da estrutura de Compliance há diversas sub-categorias de atuação que atendem diversos nichos de mercado. Administradores, engenheiros, químicos, farmacêuticos e assim por diante! Por ser uma área relativamente nova, ainda há muitas coisas a serem descobertas. Mas, sem dúvida, a comunidade do Compliance cresceu de forma exponencial.

Qual é a parte do Potencial Compliance nessa comunidade?

O Potencial Compliance reúne estes especialistas e cria sinergia e troca de conhecimento entre eles. Em função do grande número de profissionais que atuam com Compliance, hoje nosso grupo cresceu fortemente. Isso potencializa todas as áreas do conhecimento: Compliance, auditoria interna, investigação, inovação e assim por diante!

Por que você decidiu começar o Potencial Compliance?

Tudo começou em um curso. Fizemos alguns amigos e não queríamos perder contato. Foi então que decidi criar o grupo, mas ele foi crescendo
tanto que hoje é um dos maiores grupo de Compliance, ou GRC.

Como é a interação das pessoas no grupo?

Nós discutimos (respeitosamente) diversos assuntos que permeiam o Compliance. Dividimos e tiramos nossas dúvidas e dificuldades, um ajudando o outro! Compartilhamos nossas experiências, vitórias e, claro, derrotas também. Mas sempre com o espírito colaborativo.

Que tipo de conteúdo é compartilhado entre os participantes?

Todos que estejam disponíveis e acessíveis para utilização do público. Por exemplo, material da CGU, TCU, IBGC e outros instituições. É sempre muito bom ver o pessoal agradecendo pela ajuda ou pelo material.

Em quais plataforma/redes o grupo funciona?

Temos um grupo grande no Whatsapp/Telegram, Linkedin e Intagram. Praticamente todas. Temos também o nosso podcast semanal. Participar é muito fácil. Temos um link do grupo, mas você precisaria me mandar mensagem no Whatsapp. 


Glades Cheury é Diretora da ANEFAC (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) e fundadora do Potencial Compliance. Interessados em participarem do grupo de Whatsapp podem enviar uma imagem para o número (11) 9.6069-9123.
0

Fizemos algumas perguntas ao Gerente de Compliance Dr. Christian de Lamboy sobre o setor em que trabalha e a situação do Compliance no Brasil. Veja o que ele teve a dizer sobre a Lava-Jato, a Lei Anticorrupção e todo o potencial que o Compliance tem para transformar culturas. Ele também fundou o Instituto ARC, que é um dos organizadores do Compliance Across Americas desse ano. O clickCompliance também é patrocinador dessa edição do congresso.

O que é Compliance para você?

Compliance vai muito além de apenas conhecer e seguir regras. No dia-a-dia existem várias decisões que precisamos tomar sem que haja uma regra estabelecida. Em alguns casos existem até regras conflitantes. Precisamos preparar as pessoas para tomar decisões nestas situações, independente de alguém estar olhando ou ter colocado regras.


Você acha que o Compliance no Brasil mudou nos últimos anos? Se sim, porque?

O entendimento de Compliance mudou bastante nos últimos anos no Brasil, especialmente como reflexo dos processos que envolvem a Lava-Jato. Nos últimos anos foi publicamente provado que ninguém está acima da lei.

Isso, junto com novas leis, levou a uma maior atenção para o tema em todos os níveis. Antigamente, Compliance era uma prática adotada apenas em grandes multinacionais. Hoje em dia já é um conceito que começa a ser difundido inclusive nas pequenas empresas.


Como você vê o Compliance no Brasil em comparação com outros lugares?

Em alguns pontos o Brasil é ainda mais rigoroso se comparado com outros países. A Lei Anticorrupção no Brasil, por exemplo, foi desenhada de forma mais restritiva em relação a Alemanha, a partir de boas práticas adotadas nos Estados Unidos e no Reino Unido. Acho que a grande diferença é que na Alemanha as discussões foram no âmbito de empresas, enquanto no Brasil envolveu em grande parte a esfera pública.

compliance regras

Quais são os maiores desafios do Compliance, hoje?

O maior desafio no meu ponto de vista é fazer com que Compliance seja uma prática encarada com normalidade dentro das empresas e, principalmente, que seja adotada pelas pessoas que fazem parte delas. Boa parte das instituições no Brasil ainda está começando a implementar processos de Compliance. É um caminho longo e, em muitos casos, bastante desafiador, mas acredito que já temos avanços positivos nesta área.


Como você sugere lidar com eles?

Explicar as regras muitas vezes, e sempre de maneira bastante clara, para que todos entendam. Com isso, há uma maior probabilidade de que as regras sejam seguidas.

Mesmo quando as regras são entendidas, ainda assim há o risco de que as pessoas tentem burlar ou simplesmente esqueçam as regras em momentos específicos. Nestes casos, além das sanções, precisamos sempre deixar claro para todos quais são os desdobramentos decorrentes do descumprimento das regras.

Tudo isso é um processo de aculturamento, que exige muita dedicação e, em alguns casos podem levar mais tempo para ser absorvido plenamente.


Por que você decidiu organizar o Manual de Compliance?

Criei o Manual de Compliance com o objetivo de compartilhar boas práticas de vários especialistas, explicadas de uma maneira acessível para todos. Foi baseado no curso de certificação que criei no Instituto ARC, que foi o primeiro curso de certificação para Compliance Officer no Brasil, muito dedicado à prática. Depois do sucesso do curso, quis compartilhar o conhecimento com um público maior, ajudando a divulgar o conceito. Foi o primeiro livro deste padrão no Brasil e espero que tenha conseguido contribuir para melhorar a integridade e, consequentemente, a vida de muitas pessoas no Brasil.


Dr. Christian de Lamboy é Doutor em Administração pela Frankfurt School of Finance & Management, Gerente Executivo de GRC da Região SAM na Volkswagen do Brasil e fundador do Instituto ARC
0