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Entrevista

Leia abaixo uma entrevista que fizemos com o Presidente do Conselho de Governança e Compliance da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) Humberto Mota Filho sobre o Compliance no Brasil e seu novo livro, Compliance: O estado da arte. Veja o que ele comentou e veja suas dicas para profissionais de Compliance.

O que é Compliance, nas suas palavras?

Em primeiro lugar, o Compliance significa trazer mais integridade e ética para as relações dentro e fora das empresas. Nesse sentido, também, ajuda a trazer uma imagem positiva e de melhoria do ambiente de negócios.

O que você sugere para empresas que querem implementar da melhor forma o Compliance em sua empresa?

Primeiro, não copiar programas existentes de outras empresas, as políticas de integridade, políticas anticorrupção, etc. Fazendo isso, você está perdendo a oportunidade de mapear os riscos financeiros, operacionais e outros da sua própria empresa. O Compliance só se concretiza se você puder, ao final do processo de instalação, mapear os seus riscos e criar uma estrutura que te previne de riscos de forma sustentável ao longo do tempo.

Não precisa ser um processo caro nem complexo. Precisa se adequar a cada realidade e o tamanho de cada organização.

Qual foi a evolução do Compliance no Brasil?

Percebi em pelo menos 10 anos uma intensa evolução no sentido de as pessoas tomarem consciência da importância do Compliance na relação de negócios e mais ferramentas disponíveis para prevenir e monitorar riscos. Não só em relação ao Compliance, mas na gestão de governança e reputação, principalmente na grandes empresas e capitais.

Ainda assim existem desafios. Pequenas e médias empresas precisam se convencer de que essa realidade chegou para elas também. Tem a LGPD, que chegou agora e é uma realidade para todas. Também estão expostas a riscos com relação a agentes públicos, imagem, etc.

Além, disso, no interior e em cidades menores, empresas precisam tomar consciência dessa realidade porque vão participar de relações com grandes empresas e órgãos. Elas precisam estar aparelhadas para seguir esse novo modelo de negócio.

Como você vê o Compliance no Brasil nos próximos 5 anos?

Vejo dois grandes cenários possíveis sobre as tendências mais amplas do Compliance. Uma é a consolidação do mercado profissional com o amadurecimento de consultorias e profissionais especializados. Também prevejo um amadurecimento das ferramentas disponíveis, novas publicações, novos tipos de treinamentos, mais disciplinas em universidades, e um amadurecimento do ensino jurídico. Eu acredito mais nesse cenário de amadurecimento e consolidação.

Acredito menos, acho mais improvável, que as pessoas encarem o momento como apenas uma moda sem incorporar e vivenciar a cultura. Teremos perdido uma oportunidade de dar um salto ético no nosso meio empresarial e de negócios. Isso pode ter um impacto positivo ou negativo na produtividade das empresas e na economia. Temos que escolher o caminho melhor.

Por que você decidiu organizar o livro Compliance: O estado da arte?

Há tempos, com vários colegas e amigos, tenho discutido o Compliance nos negócios. Já editamos revistas no Instituto Compliance Rio e no ACRJ, sempre com retorno positivo. Veio então a ideia de consolidar o “estado da arte”, ou seja, as últimas tendências e experiências no Compliance, um resumo de regulações, do marco legal, etc., num único documento.

Era um desafio, mas procuramos nos cercar com os maiores membros da academia, membros de órgãos governamentais, etc. e colocar no papel.
É importante ressaltar que é uma obra coletiva e tem contribuições de muitos excelentes especialistas. É um livro plural, que reúne várias experiências de profissionais com visões diferentes. Espero que consiga refletir as últimas tendências e o estado da arte do Compliance.

O que o leitor ganha ao ler esse livro?

O leitor que vai ter contato pela primeira vez com o Compliance vai poder ver vários debates e a evolução dos temas do Compliance ao longo da última década. O livro vai permitir abrir um campo de conhecimento em várias frentes. Quem já conhece a realidade Compliance e do mercado vai se aprofundar nos temas e ver quais são ou não as próximas tendências.


Humberto Mota Filho é Presidente do Conselho de Governança e Compliance da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), membro da Comissão Especial de Anticorrupção, Compliance e Controle Social dos Gastos Públicos da OAB/RJ, Presidente do Conselho Editorial do Instituto Compliance Rio (IC Rio) e Doutor em Ciência Política e Mestre em Direito Empresarial.
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Entrevista

Fizemos algumas perguntas ao Gerente de Compliance Dr. Christian de Lamboy sobre o setor em que trabalha e a situação do Compliance no Brasil. Veja o que ele teve a dizer sobre a Lava-Jato, a Lei Anticorrupção e todo o potencial que o Compliance tem para transformar culturas. Ele também fundou o Instituto ARC, que é um dos organizadores do Compliance Across Americas desse ano. O clickCompliance também é patrocinador dessa edição do congresso.

O que é Compliance para você?

Compliance vai muito além de apenas conhecer e seguir regras. No dia-a-dia existem várias decisões que precisamos tomar sem que haja uma regra estabelecida. Em alguns casos existem até regras conflitantes. Precisamos preparar as pessoas para tomar decisões nestas situações, independente de alguém estar olhando ou ter colocado regras.


Você acha que o Compliance no Brasil mudou nos últimos anos? Se sim, porque?

O entendimento de Compliance mudou bastante nos últimos anos no Brasil, especialmente como reflexo dos processos que envolvem a Lava-Jato. Nos últimos anos foi publicamente provado que ninguém está acima da lei.

Isso, junto com novas leis, levou a uma maior atenção para o tema em todos os níveis. Antigamente, Compliance era uma prática adotada apenas em grandes multinacionais. Hoje em dia já é um conceito que começa a ser difundido inclusive nas pequenas empresas.


Como você vê o Compliance no Brasil em comparação com outros lugares?

Em alguns pontos o Brasil é ainda mais rigoroso se comparado com outros países. A Lei Anticorrupção no Brasil, por exemplo, foi desenhada de forma mais restritiva em relação a Alemanha, a partir de boas práticas adotadas nos Estados Unidos e no Reino Unido. Acho que a grande diferença é que na Alemanha as discussões foram no âmbito de empresas, enquanto no Brasil envolveu em grande parte a esfera pública.

compliance regras

Quais são os maiores desafios do Compliance, hoje?

O maior desafio no meu ponto de vista é fazer com que Compliance seja uma prática encarada com normalidade dentro das empresas e, principalmente, que seja adotada pelas pessoas que fazem parte delas. Boa parte das instituições no Brasil ainda está começando a implementar processos de Compliance. É um caminho longo e, em muitos casos, bastante desafiador, mas acredito que já temos avanços positivos nesta área.


Como você sugere lidar com eles?

Explicar as regras muitas vezes, e sempre de maneira bastante clara, para que todos entendam. Com isso, há uma maior probabilidade de que as regras sejam seguidas.

Mesmo quando as regras são entendidas, ainda assim há o risco de que as pessoas tentem burlar ou simplesmente esqueçam as regras em momentos específicos. Nestes casos, além das sanções, precisamos sempre deixar claro para todos quais são os desdobramentos decorrentes do descumprimento das regras.

Tudo isso é um processo de aculturamento, que exige muita dedicação e, em alguns casos podem levar mais tempo para ser absorvido plenamente.


Por que você decidiu organizar o Manual de Compliance?

Criei o Manual de Compliance com o objetivo de compartilhar boas práticas de vários especialistas, explicadas de uma maneira acessível para todos. Foi baseado no curso de certificação que criei no Instituto ARC, que foi o primeiro curso de certificação para Compliance Officer no Brasil, muito dedicado à prática. Depois do sucesso do curso, quis compartilhar o conhecimento com um público maior, ajudando a divulgar o conceito. Foi o primeiro livro deste padrão no Brasil e espero que tenha conseguido contribuir para melhorar a integridade e, consequentemente, a vida de muitas pessoas no Brasil.


Dr. Christian de Lamboy é Doutor em Administração pela Frankfurt School of Finance & Management, Gerente Executivo de GRC da Região SAM na Volkswagen do Brasil e fundador do Instituto ARC
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O programa de compliance é fundamental para proteger sua empresa de ações ou escândalos envolvendo corrupção, e ainda reduzir o valor da multa implicada se for condenada. As grandes empresas estão gastando milhões. Mas será que o custo/benefício do investimento vale a pena para você? Quanto custa realmente um programa de compliance? A seguir, analisamos quanto é gasto na gestão de compliance. Isso inclui equipes, um profissional de compliance, como analista de compliance, e consultores.


Custo do profissional: Compliance Officer, Analista de Compliance e Gerente de Compliance

Ao avaliar o custo para a sua empresa, é preciso analisar as opções de implantação do programa de compliance. A primeira etapa é contratar um profissional de compliance. Normalmente é o chamado Compliance Officer, mas também pode ser o analista de compliance, gerente de compliance ou gestor de compliance. Este profissional geralmente é graduado na área de direito, mas outras graduações comuns são administração e economia.

Principalmente por causa na Operação Lava Jato, nos últimos anos a demanda por especialistas na área aumentou muito. De acordo com a empresa de recrutamento Robert Half, o salário médio mensal para o profissional de compliance varia entre R$ 12,7 mil e R$ 19 mil. No entanto, isso também varia de acordo com alguns fatores, como experiência.

Apenas um profissional normalmente é utilizado em empresas menores. Mas quanto maior a empresa, maior o custo de um programa de compliance adequado a ela. A opção para essas são as equipes. Empresas envolvidas em escândalos de corrupção, por exemplo, já contam com equipes de até 300 profissionais de compliance. Estão investindo milhões em programas, com orçamentos parecidos para os próximos anos.

Custo programa compliance

Custo de uma consultoria de compliance

Outra opção é uma consultoria, para empresas que não querem gastar com um programa fixo. Os custos de uma consultoria de compliance variam de acordo com o que é demandado e o porte da empresa. Para uma grande empresa, esse valor gira em torno de R$ 50 mil e R$ 3 milhões, e incluiria serviços como avaliação de riscos e instalação de um canal de denúncia, alguns dos pilares dos programas de compliance.

Se for uma empresa menor, uma opção é contratar apenas um profissional de compliance para fazer a consultoria. O valor pode ser calculado em salário por mês ou pelo custo por hora do consultor vezes a quantidade de horas solicitadas pela empresa. A média nacional nos Estados Unidos do salário de um consultor de compliance atualmente é de R$ 22.252,00 mensais ($ 5.765,00).

Também pode ser calculado por hora, que depende do valor cobrado por cada consultor, das horas que ele vai trabalhar, e dos serviços que ele irá realizar. Levando em conta todos esses fatores, o valor/hora de uma consultoria pode ficar entre R$150,00 e R$600,00. O consultor presta serviços, em média, 3 ou 4 vezes na semana. Mas é importante lembrar que tudo isso depende do trabalho solicitado, da experiência do profissional, tamanho da empresa, etc. E na sua empresa, quanto custa o seu programa de compliance?

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