Com o crescimento dos novos negócios, mesmo em meio às crises econômica e sanitária, o debate sobre a longevidade das empresas torna-se ainda mais necessário.
Um dos caminhos apontados por especialistas para sobreviver e se destacar no mercado é investir em governança corporativa.
O termo refere-se ao “conjunto de regras e procedimentos pelos quais empresas e outras instituições são administradas, monitoradas e estimuladas”, segundo a definição do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), responsável por realizar estudos na área.
O debate sobre o assunto tem ganhado força no Brasil, nos últimos anos, por conta de uma demanda da própria sociedade, que está mais atenta aos valores das empresas.
Na prática, a governança corporativa afirma a ética perante os diferentes públicos: acionistas, clientes, funcionários, fornecedores e governo.
Para isso, a governança corporativa é pautada em quatro princípios: a equidade, que consiste em estabelecer um tratamento igualitário; a transparência, que significa prezar pela clareza das informações; a prestação de contas, que é priorizar a divulgação das ações executadas; e a responsabilidade corporativa, que valoriza ações sustentáveis.
O norte para as melhores práticas
Para auxiliar na aplicação das melhores práticas de governança corporativa, os professores José Paschoal Rossetti e Adriana Solé desenvolveram a metodologia dos 8Ps: propriedade, princípios, propósitos, papéis, poder, práticas, pessoas e perenidades. O estudo originou o livro “Governança corporativa: fundamentos, desenvolvimento e tendências”.Segundo os autores, a propriedade consiste em identificar a distribuição e a organização do capital social da empresa, verificando a coesão entre os acionistas, a linha sucessória de comando e a blindagem societária.
Os princípios da governança corporativa são a equidade, a transparência, a prestação de contas e a responsabilidade corporativa, mas os proprietários poderão incorporar outras diretrizes que deverão ser divulgadas para todos os colaboradores.
Já os propósitos estão relacionados ao planejamento estratégico da empresa e as definições de missão e visão da empresa.
Ainda de acordo com Rossetti e Solé, ter papéis definidos dentro da corporação é necessário para realizar boas práticas de governança corporativa, de forma que cada um desempenhe o que lhe cabe de maneira correta e eficiente.
Outro ponto apresentado pelos autores é o poder, que deve ser legitimado, sobretudo, pelo público interno.
As práticas devem ter embasamento em dados e objetivar a redução de riscos. O termo “pessoas” refere-se à qualidade dos processos de recursos humanos da empresa, enquanto a “perenidade” é a preocupação com a longevidade dos negócios.
A diferença entre governança corporativa e compliance
Embora os termos governança corporativa e compliance sejam considerados complementares, reservam diferenças entre si.O primeiro refere-se a uma estratégia mais ampla que, conforme o IBGC, busca fortalecer a imagem institucional, a confiabilidade e a ética perante os diferentes.
Já o compliance é uma estratégia específica que tem como intuito o cumprimento de leis e regulamentações. Os termos são complementares porque ambos contribuem para uma postura mais ética e transparente das organizações.
Vantagens da governança corporativa
De acordo com o IBGC, ao adotar uma política de governança corporativa, as empresas criam um modelo de gestão mais qualificado, o que acarreta em uma série de benefícios como o maior engajamento da equipe, o aumento da produtividade e a redução de custos.A governança corporativa também contribui para o fortalecimento da imagem institucional perante o público interno, aumentando o poder de atração e de retenção de talentos, e externo, o que amplia a atração de investimentos.
Embora as grandes empresas estejam mais habituadas a discutir a governança corporativa, o Sebrae alerta que pequenas e médias empresas devem investir na área para assegurar a longevidade e também a expansão dos negócios.
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