Compliance para mercado de óleo e gás: garantindo a conformidade
O compliance, tradicionalmente associado à conformidade com regulamentações e normas, é um pilar fundamental em diversos segmentos de mercado, inclusive o de óleo e gás.
O mercado de óleo e gás desempenha um papel crucial na economia global devido à sua importância estratégica e econômica. Como principal fonte de energia, contribui para atender à crescente demanda mundial.
Os investimentos em infraestrutura não apenas impulsionam o desenvolvimento econômico, mas também fortalecem a conectividade entre regiões produtoras e consumidoras. Além de ser uma fonte geradora de empregos, essa indústria promove o desenvolvimento de competências e estimula o avanço de tecnologias de ponta.
No entanto, o mercado enfrenta desafios únicos que exigem uma abordagem rigorosa em relação ao compliance. No Brasil, isso ocorreu após a promulgação da Lei Anticorrupção em 2014, estabelecendo padrões mais altos para o setor privado em relação às responsabilidades perante o setor público e à coibição de práticas lesivas à administração pública nacional.
À medida que a sociedade e os reguladores se tornam mais atentos às práticas empresariais, o compliance se torna não apenas uma necessidade, mas também uma estratégia de negócios inteligente. Empresas que investem em programas eficazes se encontram mais preparadas para enfrentar desafios emergentes e prosperar em um ambiente cada vez mais regulado.
Neste artigo, exploraremos a importância do compliance, destacando suas razões, legislações aplicáveis, implementação prática, vantagens competitivas e desafios comuns. Boa leitura!
Importância do compliance para o setor de óleo e gás
No contexto do setor de óleo e gás, o compliance refere-se à conformidade com as leis, regulamentações e normas que regem a indústria. Essa prática vai além de simplesmente obedecer às regras; envolve a criação de uma cultura organizacional que valoriza a ética, a transparência e a responsabilidade.
Em um cenário empresarial cada vez mais complexo, o compliance desempenha papel crucial na preservação da reputação, mitigação de riscos legais e na criação de relações de confiança com stakeholders e clientes. No setor de óleo e gás, essa importância é amplificada devido aos riscos específicos associados às operações.
O setor envolve atividades desde a exploração até a distribuição, enfrentando desafios como regulamentações ambientais rigorosas, questões de segurança e a necessidade de operar em ambientes geograficamente diversos.
As operações nesse setor são arriscadas, e englobam pontos de atenção desde acidentes ambientais até questões de segurança no local de trabalho. O compliance é a chave para mitigar esses riscos e garantir operações seguras e sustentáveis.
Impacto da não conformidade nos negócios
A não conformidade pode resultar em multas, litígios e danos irreparáveis à reputação. Com a crescente conscientização ambiental e social, empresas que negligenciam o compliance enfrentam sérias consequências.
Legislação e normas aplicáveis
O setor de óleo e gás é regido por diversas leis, destacando-se a Lei do Petróleo, que estabelece rigorosos padrões para a exploração e produção. Além disso, normativas ambientais, a exemplo do Protocolo de Kyoto, exercem influência direta nas práticas operacionais das empresas atuantes nesse cenário.
Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) desempenha um papel crucial como órgão regulador das indústrias de petróleo, gás natural e biocombustíveis no Brasil desde o início de suas atividades em 14 de janeiro de 1998. Atuando sob a tutela do Ministério das Minas e Energia, a ANP é a autarquia federal encarregada de implementar a política nacional para esse setor estratégico. Seu objetivo é:
Assegurar um ambiente regulatório eficiente e transparente, estabelecendo diretrizes por meio de portarias, resoluções e instruções normativas;
Conduzir e celebrar contratos em nome da União, em parceria com os concessionários envolvidos nas atividades de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural, assim como no transporte e estocagem de gás natural;
Garantir o cumprimento das normas nas operações das indústrias reguladas, seja por meio de fiscalização direta ou em colaboração com outros órgãos públicos através de convênios.
Nova Lei do Gás
A Lei nº 14.134, de 2021, conhecida como a Nova Lei do Gás Natural, tem como propósito ampliar a concorrência no mercado de gás natural, atraindo novos investidores e promovendo maior competitividade ao setor. Isso resultará na redução dos custos de produção e, consequentemente, no preço final ao consumidor.
Essa legislação se mostra crucial, especialmente no cenário pós-pandemia, visando impulsionar o desenvolvimento, gerar empregos e promover o crescimento no Brasil.
Uma das alterações significativas introduzidas por essa nova legislação é o fim do regime de concessão, com licitação por parte do poder público, e a permissão para que novos gasodutos sejam construídos através do regime de autorização, um modelo praticado globalmente.
Em outras palavras, a empresa que pretende construir um gasoduto no país deverá solicitar autorização à ANP. O intuito é simplificar o processo em comparação com as atuais concessões, que envolvem leilões, prevenindo a concentração de mercado e fomentando a concorrência.
A Nova Lei do Gás Natural representa um marco transformador no desenvolvimento de um novo mercado de gás natural no Brasil. Ela promoverá a modernização do setor, alinhando-se às melhores práticas internacionais, e permitirá a expansão do mercado ao eliminar ou mitigar barreiras de duas naturezas principais: regulatória e técnica.
Normas internacionais que influenciam o setor
Normas como a ISO 14001 para gestão ambiental e a OHSAS 18001 para saúde e segurança ocupacional são essenciais para empresas de óleo e gás operarem globalmente.
Nesse contexto, o compliance surge como um elemento essencial não apenas para garantir a conformidade legal, mas também para mitigar riscos, promovendo um ambiente propício ao crescimento sustentável. A aderência às regulamentações não só contribui para a redução do impacto nos ecossistemas, preservando a biodiversidade, como também assegura um futuro sustentável para a indústria do óleo e gás.
Como a conformidade é essencial para evitar penalidades
Violações resultam em penalidades financeiras substanciais e podem levar à suspensão das atividades. A conformidade não é apenas uma obrigação legal, mas uma estratégia de negócios sábia. A aderência às regulamentações financeiras garante transparência, inspira confiança dos investidores e mantém a resiliência econômica da indústria.
Riscos de compliance
Por ser um mercado bastante regulado e sensível, conforme dissemos anteriormente, alguns riscos podem ter sérias consequências se não gerenciados adequadamente. Eles incluem:
Multas milionárias: a falta de conformidade com as normas e regulamentações anticorrupção pode resultar em multas impostas por órgãos reguladores nacionais e internacionais. Estas multas, muitas vezes, ultrapassam cifras milionárias, representando um prejuízo financeiro significativo para a empresa.
Danos à reputação: A imagem de uma empresa no setor de petróleo e gás é vital para a manutenção de parcerias comerciais, atração de investimentos e conquista de consumidores. A ausência de práticas éticas e de conformidade pode levar a sérios danos à reputação, afetando a confiança de stakeholders e clientes.
Perda no valor das ações: A divulgação de práticas não éticas, corrupção ou falta de conformidade geralmente resulta em uma resposta negativa por parte do mercado financeiro. Isso pode levar à desvalorização das ações da empresa, impactando diretamente o valor de mercado e prejudicando acionistas.
Perda da credibilidade e clientes: A credibilidade é um ativo intangível valioso. Empresas que não adotam medidas robustas de Compliance e Anticorrupção correm o risco de perder a confiança de clientes, parceiros comerciais e outros stakeholders, o que pode resultar na migração de clientes para concorrentes mais éticos.
Punições administrativas e criminais: A não conformidade com as leis e regulamentações pode acarretar punições administrativas e criminais. Além de multas, os responsáveis pelas práticas ilícitas podem enfrentar processos judiciais, com potenciais penas que incluem desde restrições comerciais até prisões, dependendo da gravidade das infrações.
Implementação do programa de compliance
Implementar um programa de compliance requer uma abordagem estratégica que envolva lideranças, comunicação eficaz e demonstração clara dos benefícios a longo prazo.
Papel da liderança: Líderes desempenham um papel fundamental na criação de uma cultura organizacional. É crucial que os eles inspirem a conformidade desde o topo, estabelecendo um exemplo claro para toda a organização;
Treinamento e conscientização dos colaboradores: A equipe deve ser educada sobre as regulamentações específicas do setor, os riscos associados e as práticas recomendadas. A conscientização é a base para a adesão bem-sucedida ao programa de compliance;
Governança de documentos: Diante da regulamentação rigorosa, esse mecanismo torna-se essencial para apoiar as equipes de compliance nas empresas de óleo e gás, uma vez que elas enfrentam diariamente o desafio de gerenciar um amplo volume de documentos, políticas e diretrizes;
Canal de denúncias: Essa ferramenta possibilita que os colaboradores relatem eventuais irregularidades, como casos de assédio e fraudes. Isso não apenas fomenta a transparência, mas também preserva a integridade da empresa, estabelecendo um ambiente em que ética e conformidade são valores fundamentais.
Como o compliance pode ser um diferencial competitivo
Empresas com práticas sólidas ganham confiança, estabelecendo vantagem competitiva. A reputação ética se traduz em lealdade do cliente e crescimento dos negócios. A implementação efetiva traz benefícios imediatos, incluindo a redução de riscos legais, melhoria da reputação e construção de relações mais fortes.
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