
Qual empresa nunca se deparou com um processo que saiu do controle ou com um produto entregue fora do padrão esperado? Nessas situações, o relatório de não conformidade (RNC) é a ferramenta destinada para registrar o ocorrido, analisar as causas e direcionar as ações corretivas e preventivas necessárias.
O documento é fundamental para fortalecer a gestão do compliance, reduzir riscos, aprimorar processos e preservar a reputação da empresa diante de clientes, parceiros e órgãos reguladores.
Continue a leitura deste conteúdo para saber como o RNC funciona, quando deve ser aberto e qual o passo a passo para elaborá-lo.
O relatório de não conformidade é um documento formal usado para registrar falhas, desvios ou inconformidades em processos, produtos ou serviços. Em outras palavras, é uma forma de apontar quando algo não está de acordo com normas internas, procedimentos de conformidade ou requisitos técnicos e legais.
Além de um registro burocrático, o RNC é uma ferramenta de gestão de qualidade e governança corporativa, alinhada a normas internacionais como a ISO 9001 (Sistema de Gestão da Qualidade) e a ISO 31000 (Gestão de Riscos).
Estão entre os benefícios do RNC:
O Relatório de Não Conformidade deve ser aberto sempre que houver um desvio em relação a requisitos previamente estabelecidos, sejam eles internos (como políticas, procedimentos e códigos de ética e conduta) ou externos (como leis e normas técnicas).
Confira as situações mais comuns para a abertura do RNC:
Lembre-se: o RNC não tem caráter punitivo. Seu objetivo é corrigir e ensinar, estimulando a melhoria contínua e o fortalecimento dos programas de compliance.
Elaborar um relatório de não conformidade exige organização, objetividade e atenção aos detalhes. Cada etapa deve ser conduzida com cuidado para que o registro traga clareza sobre o problema e oriente as ações necessárias.
A seguir, confira o passo a passo para a construção de um RNC de qualidade:
O primeiro passo para a elaboração de um RNC é documentar o acontecimento. Esse registro é a base de todo o processo de análise e deve permitir que qualquer pessoa compreenda o ocorrido, mesmo sem estar presente
Para isso, inclua informações essenciais, como:
Registrar o fato com detalhes garante precisão na análise, orienta as ações corretivas e facilita o acompanhamento do caso em auditorias futuras.
Toda não conformidade precisa ser sustentada por evidências objetivas, visando comprovar o problema e orientar a investigação posterior. Quanto mais completas forem, mais eficiente será a avaliação de conformidade.
Esses registros devem ser objetivos e verificáveis, podendo incluir fotografias, vídeos, relatórios de inspeção, dados de sistemas, documentos internos e ainda relatos de colaboradores que testemunharam o evento.
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Após identificar a não conformidade, é indispensável aplicar medidas de contenção imediata para evitar que o problema se agrave ou se repita.
Essa etapa pode incluir:
Essas ações devem ser registradas no próprio RNC, com prazos, responsáveis e comprovação da execução.
Corrigir apenas o efeito visível de uma falha não resolve o problema. Para eliminar definitivamente a não conformidade, é preciso entender por que ela aconteceu.
É aí que entra a Análise de Causa Raiz (ACR), etapa investigativa que busca identificar o motivo real, ou o conjunto de fatores, que levou ao desvio. O objetivo é garantir que as ações corretivas tratem a origem do problema e não apenas suas consequências, evitando novas ocorrências no futuro.
Entre as ferramentas mais utilizadas nessa fase estão:
Essas duas abordagens podem ser usadas em conjunto: o Ishikawa ajuda a estruturar as possibilidades, enquanto os 5 Porquês conduzem ao desdobramento da causa principal.
O termo “CAPA” (Corrective and Preventive Action) representa o conjunto de ações corretivas e preventivas aplicadas para eliminar as causas de uma não conformidade e impedir que o problema volte a ocorrer.
Em síntese, a ação corretiva busca resolver a causa da falha já identificada, restaurando a conformidade do processo ou produto. Já a ação preventiva tem foco futuro: antecipa possíveis riscos e evita que falhas semelhantes aconteçam em outras etapas da operação.
Uma empresa que identifica atrasos na comunicação entre o setor de compras e o de produção, por exemplo, pode implementar uma nova rotina de validação no sistema e realizar treinamentos com as equipes envolvidas. Assim, ela combina ação corretiva (ajuste do processo) e preventiva (capacitação e revisão de fluxo).
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Em qualquer processo de gestão de conformidade, a clareza sobre quem faz o quê é fundamental para que as ações sejam executadas corretamente. Diante disso, o modelo “Raci” é uma ferramenta que pode ajudar a definir responsabilidades, evitando retrabalho, falhas de comunicação e sobreposição de tarefas.
O acrônimo representa quatro funções dentro de um processo:
Atribuir o Raci no relatório de não conformidade evita falhas de comunicação, torna os processos mais ágeis e reforça a cultura de responsabilidade compartilhada dentro da empresa.
Depois de implementar as ações Capa, é importante verificar se elas realmente resolveram a não conformidade e impediram novas ocorrências. Esse é o momento de medir os resultados e confirmar se o processo voltou a operar dentro dos padrões definidos.
A análise deve considerar alguns pontos: as ações adotadas foram adequadas ao impacto do problema? Foram suficientes para eliminar a causa raiz? Geraram resultados sustentáveis ao longo do tempo?
Responder essas perguntas permite validar se o RNC cumpriu seu propósito. Além disso, indicadores como taxa de retrabalho, reincidência de falhas, tempo de resposta e satisfação do cliente podem servir de base para mensurar a melhoria obtida.
Após a verificação, o relatório deve ser encerrado de forma documentada, registrando a data, os responsáveis, seus resultados e a aprovação final. Esse fechamento garante que todas as etapas do processo fiquem registradas, servindo como base para auditorias futuras e novas iniciativas de melhoria.
Elaborar um RNC é apenas uma das etapas de uma boa gestão de conformidade. Para garantir que processos e políticas estejam alinhados às normas e leis vigentes, é fundamental contar com soluções tecnológicas que automatizem registros, análises e aprovações.
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