Os processos de mitigação são as ações adotadas pelas empresas para reduzir, controlar ou eliminar riscos que possam comprometer a continuidade do negócio.
No contexto do compliance, esses processos estão relacionados à prevenção de não conformidades com leis, regulamentos, normas, padrões éticos e políticas internas, atuando de forma estratégica para antecipar falhas e reduzir exposições antes que elas se tornem incidentes.
Diante de tantas frentes de atuação dentro das organizações, é fundamental entender onde é preciso direcionar mais esforços e recursos, considerando o cenário do mercado e as melhores práticas.
Pensando nisso, reunimos os principais pontos em que as empresas precisam agir agora e como o compliance pode apoiar a avaliação, o acompanhamento e a efetividade dos processos de mitigação.
Boa leitura!
Nos últimos anos, há assuntos que ganharam prioridade na gestão corporativa, impulsionados pela criação de novas leis, pelo avanço das tecnologias e por mudanças nos padrões de comportamento e de cobrança do mercado.
A seguir, confira as principais frentes que ampliaram o escopo tradicional da gestão de risco e que devem estar no radar das empresas ao definir seus processos de mitigação:
Não é segredo que as tecnologias têm evoluído em ritmo acelerado, com destaque para a popularização da Inteligência Artificial (IA). Esse avanço amplia oportunidades, mas também intensifica ameaças digitais, como ataques cibernéticos, falhas de segurança e vazamentos de dados.
Diante desse cenário, a legislação brasileira precisou se adaptar para prevenir e mitigar incidentes que afetam diretamente empresas, consumidores e a confiança no ambiente digital. Um exemplo desse movimento é a Lei Geral de Proteção de Dados-LGPD (Lei n° 13.709/2018), que estabelece como empresas e órgãos públicos devem coletar, usar, armazenar e proteger dados pessoais.
O descumprimento da lei resulta em sanções regulatórias e pode impactar a reputação, o que torna a conformidade um elemento indispensável dos processos de mitigação voltados à segurança da informação.
Os riscos relacionados aos avanços digitais também já aparecem nas análises de instituições globais. A pesquisa Risk in Focus 2025, realizada pela Internal Audit Foundation, aponta que a cibersegurança é, de longe, a principal ameaça para as organizações na América Latina, citada por cerca de três quartos dos entrevistados.
O estudo também indica que a disrupção digital, incluindo o uso da IA, deve figurar logo atrás da cibersegurança como um dos maiores desafios nos próximos anos. Esse cenário, segundo a pesquisa, está gerando:
Outro estudo, realizado pela IBM e pelo Ponemon Institute, mostra como sistemas de IA sem governança adequada estão mais suscetíveis a incidentes de segurança. Segundo a análise, 97% é a proporção de organizações que relataram um incidente de segurança relacionado à IA e que não tinham controles de acesso adequados à tecnologia.
Além disso, 63% das organizações não contavam com políticas de governança de IA para gerenciar a ferramenta ou impedir a proliferação da IA paralela. O custo médio global de uma violação de dados também foi apontado, chegando a US$ 4,4 milhões.
Por outro lado, empresas que fazem o uso extensivo dessa tecnologia com segurança conseguem economizar por volta de US$ 1,9 milhão. Os dados reforçam a importância de integrar governança, compliance e tecnologia como parte dos processos de mitigação frente às ameaças digitais.
As discussões sobre mudanças climáticas são cada vez mais necessárias. A ampliação de compromissos globais, o avanço do compliance ambiental e as iniciativas na área, como a COP30, reforçam a pressão para que empresas introduzam o tema em seus processos de mitigação.
No Brasil, um exemplo desse movimento é o Plano Clima, que estabelece medidas de mitigação e adaptação com o objetivo de reduzir de maneira significativa as emissões de gases de efeito estufa até 2035.
Esse tema é tão prioritário que, de acordo com o estudo da Internal Audit Foundation, 29% dos entrevistados apontam as mudanças climáticas como um dos principais riscos para as empresas.
A própria pesquisa recomenda que os riscos climáticos sejam tratados em termos financeiros, considerando custos operacionais, multas, sanções, perdas de ativos e impactos na produtividade.
Essa abordagem facilita a compreensão do tema pelos conselhos administrativos e fortalece a integração entre gestão de riscos, compliance e tomada de decisão estratégica.
Saiba mais: COP30 e compliance ambiental: lições para as empresas brasileiras
A cadeia de suprimentos também está entre as frentes mais sensíveis quando falamos em gestão de riscos.
A dependência excessiva de fornecedores únicos, a concentração geográfica e a falta de visibilidade sobre etapas anteriores da cadeia aumentam a exposição das empresas a interrupções operacionais, falhas contratuais e riscos de conformidade.
Esse cenário é reforçado pelo Relatório de Resiliência da Cadeia de Suprimentos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que revela que os países estão adquirindo mais produtos de um número menor de fornecedores do que o globalmente possível.
O estudo destaca que interrupções recentes, gargalos logísticos e preocupações crescentes com segurança econômica evidenciam a necessidade de fortalecer e diversificar as cadeias de suprimentos diante de riscos elevados.
A OCDE também reforça que resiliência não significa eliminar riscos, mas sim saber gerenciá-los. Segundo a instituição, as cadeias de suprimentos mais eficientes são aquelas que são:
Uma abordagem consistente de mitigação ajuda a evitar sanções regulatórias, penalidades financeiras, falhas de governança corporativa e impactos negativos à reputação da empresa.
No entanto, para que esses benefícios se concretizem, é necessário estruturar os processos de mitigação com base em princípios claros, que orientem a forma como a organização atua, monitora e aprimora sua gestão de riscos.
A seguir, destacamos três princípios-guia que ajudam as empresas a tornarem seus processos de mitigação mais eficientes:
Um dos pontos que não pode ser negligenciado nos processos de mitigação é o envolvimento de toda a empresa. Incidentes não estão restritos a áreas técnicas ou jurídicas e, muitas vezes, estão relacionados a erros humanos, como o uso de senhas fracas ou o clique em links maliciosos.
Por isso, é importante adotar ações preventivas, como iniciativas de conscientização. Ao orientar colaboradores sobre riscos, boas práticas e mudanças regulatórias, as empresas fortalecem a cultura de compliance e reduzem exposições que poderiam ser evitadas.
Esse trabalho pode ser realizado por meio de treinamentos de compliance periódicos e elaboração de políticas e códigos de conduta, que devem ser amplamente divulgados e introduzidos à rotina da organização.
Além disso, mecanismos como canais de denúncia ajudam a ampliar a capacidade de identificação precoce de irregularidades. Ao criar um ambiente em que colaboradores se sintam seguros para reportar situações de risco, a empresa amplia sua visão sobre vulnerabilidades e fortalece a integração entre pessoas, processos e governança.

Antes que um risco se materialize, é fundamental que as empresas implementem seus processos de mitigação e validem se eles funcionam na prática. Simulações, exercícios internos e testes de resposta a crises são algumas das formas de avaliar como pessoas, processos e controles se comportam em situações adversas.
Na cadeia de suprimentos, esse princípio pode ser aplicado por meio do due diligence de terceiros. Ao avaliar fornecedores e parceiros antes de firmar relações contratuais, as empresas conseguem mapear riscos operacionais, regulatórios, financeiros e reputacionais associados à cadeia.
O processo também pode incluir critérios ambientais, analisando os compromissos com sustentabilidade, a conformidade com normas ambientais e as práticas alinhadas às exigências regulatórias.
Já no campo da cibersegurança, podem ser adotados antecipadamente controles voltados à proteção de dados e sistemas. Soluções como firewalls, sistemas de detecção e prevenção de intrusões, antivírus e rotinas de backup permitem avaliar vulnerabilidades técnicas e ampliam a capacidade de resposta a incidentes digitais.
Em síntese, lembre-se de que testes preventivos ajudam a identificar falhas, lacunas operacionais e pontos de melhoria antes de um incidente real, reduzindo impactos e aumentando a capacidade de resposta da organização
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Medir é o que permite transformar riscos em indicadores mensuráveis para sair do campo subjetivo. Com dados mais concretos, a empresa consegue entender sua real exposição, acompanhar a evolução dos riscos ao longo do tempo e identificar padrões de recorrência de incidentes.
São exemplos de métricas que podem ser utilizadas nesse contexto:
Essas métricas ajudam a priorizar ações, avaliando onde os processos de mitigação precisam evoluir. O objetivo é gerar insumos que orientem ajustes e melhorias contínuas.
Além disso, a medição deve estar acompanhada de monitoramento constante. Avaliações pontuais não são suficientes em um ambiente regulatório e operacional que está sempre mudando.
Se a sua empresa busca estruturar ou aprimorar seus processos de mitigação, mas ainda enfrenta desafios para transformar diretrizes em práticas consistentes, o clickCompliance pode apoiar esse caminho.
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